terça-feira, 13 de agosto de 2013

Soberba escuridão - Andreia Ferreira - Opinião


Trilogia Soberbas #1
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 256
Editor: Alfarroba
ISBN: 9789898455147

"Quando o relógio pisca as doze horas intermitentes, Carla recebe no seu quarto uma visita indesejada. A partir daí, todo o seu mundo desmorona e a solidão e o medo encarregam-se de a arrastar para um estado deprimente que só um desconhecido parece compreender.
Cega de paixão, nega as evidências de que o seu novo amor é mais do que um rosto angelical. Ele esconde segredos que a levarão para perigos que parecem emergir das profundezas do inferno."
Opinião:
Andreia Ferreira é de Braga e estreou-se com este seu primeiro romance através da Alfarroba. Este primeiro livro é o inicio de uma trilogia e que tem como palco a cidade minhota de Braga ou como também é conhecida, a cidade dos Arcebispos.
Pois bem, Soberba Escuridão conta a história de Carla, uma simples rapariga bracarense que vive numa casa antiga, ainda que em bom estado, com os pais e o irmão e que volta e meia tem a ligeira sensação de que está a ser observada ainda que na sua ideia esteja sozinha.
Carla tem dezassete anos e frequenta o ensino secundário e é entre a vida escolar e a vida famíliar que ela conhece Caael. Um rapaz atraente que a deixa completamente desnorteada apenas com a sua presença, no entanto este rapaz atraente e misterioso que aparece na sua vida quase por artes mágicas não é tão inocente como o seu semblante aparenta.
A capa deste livro está muito interessante e é muito diferente daquilo que habitualmente vemos nas estantes e nos expositores livreiros. Parabéns à autora e ao ilustrador/a pelo design da capa. Relativamente à história deste Soberba?
Bom, devo dizer que estranhei um pouco o tipo de escrita que a autora usa uma vez que a história retrata adolescentes e situações do quotidiano de famílias normais. Passo a explicar melhor o meu ponto de vista para que não haja más interpretações: não é que a autora escreva mal, porque não escreve. Tem até uma escrita bastante cuidada, limpa, e muito rica. E penso que o problema é exatamente este. O tipo de escrita e os seus recursos não combinam com uma história YA como esta. Vejo a escrita desta jovem autora, por exemplo, num bonito romance ao estilo de Nicholas Sparks ou um romance da época, por exemplo. Algo que pelo esqueleto da história peça, ou melhor, exija, este tipo de escrita.
A personagem principal Carla, confesso que também não encaixou muito bem. É uma personagem fria e distante. Durante a leitura tive a impressão de que a mesma andava perdida algures entre a narrativa sem saber ao certo em que parte da moeda se havia de encaixar.
Caael também me deixou um pouco com o pé atrás. Esperava ver mais dele. A fazer qualquer coisa realmente malévola. E no entanto ele limita-se a mimar a Carla e a mantê-la debaixo de olho.
Fez-me um pouco de confusão ver a autora a usar tantas vezes o nome Ana Rita mas consegui perceber o seu ponto de vista. (Quem é que na escola nunca teve uma turma em que houvesse pelo menos umas três Anas e uns quantos Josés? )
De todas as personagens presentes na história houveram duas que realmente brilharam aos meus olhos: a melhor amiga da Carla, a Ana Rita Rocha e o Ricardo, personagem que aparece com mais destaque quase no final deste primeiro volume. Nestes dois personagens consegui ver neles exatamente aquilo que procuro nas personagens de um livro. Foram autênticos. Tiveram personalidade. São personagens credíveis e muito bem conseguidas. Os diálogos estiveram muito bem e quando li passagens em  que eles estraram senti uma empatia enorme e vontade de devorar as páginas umas atrás das outras.
Outro ponto favorável à autora nortenha é o final deste primeiro volume. Parabéns, Andreia Ferreira, sabes como deixar o leitor preso à história e ficar a contar os dias até ler o próximo volume.
Uma experiência interessante no panorama dos novos autores portugueses.
Boas leituras,

Sem comentários:

Enviar um comentário